O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

OS VOSSOS ERROS

 


Por que tanto temeis errar?

Acaso não vedes que não existe outro caminho para aprender? Em verdade, eu vos digo que cada um de vossos erros é outro degrau galgado, na escada que vos leva a alcançar o Conhecimento.

E aquele que não se arrisca a errar, tampouco se dispõe a aprender. Porque o homem que não caminha senão sobre os seus próprios passos, jamais terá o prazer de conhecer novas paisagens.

Assim como precisais arriscar-vos a sofrer, se pretendeis ser felizes. Pois a porta por onde vos encontra a felicidade é a mesma que deixa passar o sofrimento, porque a ambos necessitais conhecer.

Todos erramos, enquanto caminhamos sobre a Terra; porque aprender é a razão de todas as nossas jornadas. Contudo, enquanto o tolo lamenta os seus erros, o homem sensato aprende com eles.

Não é de errar que deveríeis ter medo, mas de repetir os vossos erros; quem assim procede é como o peixe, que se permite ser fisgado pela mesma isca, e irá passar pelos mesmos dissabores.

Aceitai, portanto, os vossos erros; e o arrependimento que normalmente os acompanha: é com ele, que aprendereis a não repeti-los. A alegria vos revigora, mas é o remorso que vos faz crescer.

Tampouco, porém, deveis permitir que o remorso vos roube a paz de espírito; esse seria o maior de vossos erros. Porque não podeis modificar o passado, e tudo que vos cabe é seguir em frente.

Vede, sempre, o vosso erro de hoje como o acerto de manhã. Ou não são os erros que ontem cometestes, as bases para as decisões acertadas que hoje tomais? É caindo, que aprendemos a andar.

Evitai atribuir a outros os vossos erros. Porque, como ninguém pode controlar a alma de outrem, sois os únicos a tomar as vossas decisões; não vos cabe colher, senão o que plantastes.

A cada um, cabe aprender com as próprias experiências. Ninguém vos pode julgar, pois não caminha com os vossos sapatos, nem segue pelo mesmo caminho. Cada um comete seus erros.

Sois, por conseguinte os vossos juízes. Cuidai, entretanto, de não serdes condescendentes ou rigorosos em demasia, ao avaliar os vossos erros. O mais difícil, ao homem, é julgar a si mesmo.

Segui em paz o vosso caminho, conscientes de que haverá erros e acertos, em cada dia do vosso futuro; assim acontece a todos aqueles que caminham sobre a Terra, buscando o Conhecimento.

Esta, vos tenho dito, é a razão das vossas jornadas. Pois, assim como ao aluno não é facultado o diploma enquanto o curso não está concluído, só ao alcançá-lo chegareis, enfim, ao vosso destino.

Junto ao Coração do Universo.   

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

MOEDAS DA VIDA



Os vossos dias são as moedas da vossa vida.

É com eles que comprais as vossas alegrias ou as vossas tristezas, a depender das escolhas que fazeis. Porque é apenas a cada um de vós que cabe definir os seus próprios caminhos.

Lembrai-vos, entretanto, de que não podeis evitar que se esvazie a vossa bolsa: cada dia que se vai, é uma moeda a menos que tendes; é  um dia a menos que vos resta para viver.

Nada podeis fazer, quanto a isto; porque, como uma bolsa apenas pode conter determinada quantidade de moedas, também a vossa vida comporta um limitado número de dias.

Por isto, cada sol que vedes nascer é um a menos que vereis em vossa jornada; como cada lua que encanta os vossos olhos é mais uma que não vos será dado apreciar no futuro.

E, embora possais contar as moedas em vossa bolsa, a ninguém é dado saber quantos dias ainda lhe restam. Este é o vosso maior temor, quando deveria ser o vosso maior incentivo.

Porque nada podeis fazer de mais sensato, do que comportar-vos como o homem que, desconhecendo os limites da sua bolsa, usa o melhor que pode cada moeda que encontra.

Sede como ele: usai, da melhor forma que puderdes, cada um dos vossos dias. Não vos é dado multiplicá-los, mas podeis ter mais momentos de alegrias e diminuir aqueles de tristeza.

Esta é a escolha que vos cabe fazer. E mais importante do que a fortuna de cada um, é o uso que dela faz; ou, acaso, acreditais que não existam ricos insatisfeitos e pobres que são felizes?

Lembrai-vos desta verdade, em cada dia que vos for dado abrir os olhos: nele, estareis gastando mais uma das moedas de vossa vida; sede gratos por ela, e cuidai da forma como a usareis.

Buscai, portanto, aquilo que vos faça felizes; que faça bem ao vosso corpo e aqueça o vosso coração. Afastai-vos da tristeza e da amargura; evitai a inveja, o ódio e tudo que traga sofrimento.

Porque, eu vos tenho dito, não tendes controle sobre aquilo que vos trazem os ventos do acaso. Mas sempre podeis controlar as vossas reações; e são elas que irão determinar o vosso futuro.

Escolhei, em cada dia, o melhor caminho; que não será, necessariamente, o mais fácil, mas aquele que, enquanto passa, vos traga o prazer de estardes vivos e em sintonia com o Universo.

Aquele que, ao final do dia, vos permita reclinar a cabeça no travesseiro e dormir tranquilamente, sem remorsos e sem inquietações. Com a alma em paz e um sorriso de gratidão nos lábios.

Assim, gastareis bem as vossas moedas.

Vídeo

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

PASSAREMOS

 


Passaremos.

E, depois que nos formos, a Vida seguirá o seu caminho; nada mudará, no mundo. Será tão somente como se uma rosa houvesse caído sobre o chão; ou até mesmo um espinho, talvez.

Assim tem sido, desde o início dos tempos. Todos vêm e se vão; ninguém fica neste mundo, senão através das lembranças que tenha deixado naqueles que o conheceram, enquanto vivos.

Eles, algum dia, também se irão; e as memórias do que fomos se desvanecerão no tempo. Hoje, conhecemos a Vida; amanhã nos tornaremos lembranças e depois virá o esquecimento.  

Oxalá sejamos como a rosa, que é lembrada por sua beleza e perfume; pelo encanto que trouxe ao seu redor. E não como o espinho, que deixa recordações de mágoa; de raiva e de dor.

Acredito que devemos viver o melhor que pudermos; para que possamos deixar as melhores lembranças, enquanto durarem os entes queridos que hoje nos cercam e vivem a nosso lado.

Assim, quando vier o esquecimento, estaremos presentes nas sementes que plantamos. Como o agricultor e o padeiro vivem no pão dourado, na mesa de pessoas que não os conheceram.

A verdade é que vivemos no agora. O antes já se foi e o depois talvez não exista; um não é senão lembrança, e o outro não passa de esperança. E este é o maior encanto que encontramos na Vida.

Porque é no hoje, que construímos o amanhã. E para isto, podemos utilizar as lembranças do ontem; são elas que nos apontam o melhor caminho, através de nossos erros e de nossos acertos.

Recorde as suas lágrimas e os seus sorrisos do passado; veja as causas de umas e dos outros, e você terá o mapa que o ajudará a caminhar pelo presente, em busca de um futuro melhor.

O que chamamos de vida é uma jornada de aprendizado. E, nela, sofrimento ou felicidade são as escolhas de todos os dias. Não dependemos dos fatos, mas sim de como reagimos a eles.

Esta é a lição que precisamos aprender: em nós mesmos, estão a nossa tristeza e a nossa alegria; para isto, temos o livre arbítrio. O destino lança a moeda; você escolhe o lado que prefere ter.

Sim: passaremos. E não nos devemos entristecer por isto, mas alegrar-nos por termos tido a oportunidade de viver. Porque o dia de hoje nos pertence e nele podemos sorrir e ser felizes.

Aproveitemos a Vida, para construir as boas lembranças que deixaremos. Porque nelas continuaremos vivos, entre os que amamos; assim, não seremos a saudade que dói na alma.

Mas aquela que conforta e faz sorrir.

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

A TOLERÂNCIA

Não sois iguais entre vós.

Como não são iguais as folhas das árvores, as ondas do mar, ou as estrelas que ornamentam o céu; embora assim possam parecer aos vossos olhos.

E nem o poderíeis ser.

Pois, se fosseis todos artistas, quem faria o pão que sustenta o vosso corpo? Quem haveria de semear o trigo, ou produzir os outros alimentos?

E, se fosseis todos padeiros, ou todos trabalhásseis a terra, de onde viria o alimento para os vossos espíritos?

É preciso que cada um cumpra o seu papel.

Por isto existem os artistas e os padeiros, os agricultores e todos os outros. E todos sois partes de um todo, que vos permite a vida como a conheceis.

Dentro de cada um de vós existe um Universo, que é o vosso verdadeiro Eu. E não existem dois Universos semelhantes.

Deveis ter presente esta verdade. E exercitar a tolerância.

Pois não podeis esperar dos vossos irmãos as vossas reações. Cada um reage conforme os seus próprios sentimentos e inclinações.

E não vos deveis exasperar, ou buscar impor as vossas opiniões. O silêncio que vos receberá não será o da concordância, mas o da paciência. Ou recebereis de volta a própria violência com que vos buscais impor.

Exercitai a vossa compreensão. E a arte do diálogo.

Pois, embora seja fácil falar, é difícil escutar. E o diálogo só existe quando ambos não apenas falam, mas se dispõem a escutar. Pois a razão não habita em um único homem, mas no consenso.

Acreditais, acaso, que alguém possa sempre estar certo? Ou errado?

Eis que vos deveis acostumar a ouvir. E a respeitar as opiniões alheias, que apenas poderão enriquecer as vossas próprias opiniões.

Se certos estiverdes, triunfarão os vossos argumentos; e, se estiverdes errados, nem toda a irritação do mundo poderá mudar esta verdade. Antes, aprendereis; e não voltareis a errar.

Renunciai ao vosso orgulho, e a recompensa será o vosso crescimento. A tolerância e a compreensão atrairão para vós o respeito dos que vos cercam, e a capacidade de escutar vos dará o direito de falar.

Pois a razão não necessita gritar, para se fazer ouvir.

Mais cedo ou mais tarde, a sua voz ecoará em vosso verdadeiro Eu.

Vídeo

(Esta interpretação é simplesmente linda!)

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

DESPEDIDA

 


Quando eu me for, que não me transforme em uma lágrima em teu rosto; mas na lembrança de um sorriso, em teu coração.

Se me amas, não me deixes ser a saudade que faz sofrer, e sim aquela que traz a sensação de companhia.

Acima de tudo, não te desesperes.

Pois, se é certo que a morte não existe, o teu desespero ecoará em mim onde eu estiver.

Não penses em mim como alguém que se foi.

Pensa, antes, que por algum tempo pude estar a teu lado e envolver-te em meu amor.

Pensa que sempre estarei presente.

Haverá um pouco de mim

na brisa que te acaricie,

no sol que te aqueça,

em todo aquele que vieres a amar.

Poupa-me dos ritos fúnebres, em todas as religiões.

Pois nenhum sacerdote me encaminhará a Deus. Antes, cada um buscará exaltar o seu deus.

E um filho não precisa de intermediário, para falar ao seu Pai; ou para encontrar abrigo em Seus braços.

Poupa-nos a inutilidade dos afagos póstumos.

Pois só poderás acariciar um corpo vazio; apenas a sensação do teu amor será capaz de afagar-me a alma.

Não deverás buscar o meu túmulo.

Pois ali não estarei, e não me poderás encontrar. É na tua lembrança e no teu coração que me encontrarás, sempre que de mim necessitares.

Que não te inquiete a preocupação com o meu corpo.

Porque isto seria como venerar a uma roupa já gasta, apenas porque a vestia quando me conhecestes.

Conserva-me vivo.

Porque jamais morrerei em ti, a menos que o desejes. Assim como a rosa não morre, enquanto a roseira produzir um novo botão.

Não exaltes as minhas qualidades, nem diminuas os meus defeitos. Seria como se criasses uma imagem, para justificar o teu amor; como se te envergonhasses, por me amar como fui.

A nada, ou ninguém, deves culpar pela minha partida.

Pois nenhuma viagem se encerra antes do porto final. E, se à volta fui convocado, decerto cumpri a missão recebida.

Guarda-me contigo.

Em tudo que te possa ter ensinado, ou que contigo possa ter aprendido. Nos sorrisos e lágrimas que repartimos, nas alegrias e tristezas que nos tenhamos provocado.

Assim, verás que nas menores coisas estarei presente.

E, como toda a vastidão do Universo é insuficiente para separar aqueles que se amam, dia virá em que de novo estarei a teu lado.

Então, descobrirás que jamais te deixei.

Vídeo

Para Sérgio, irmão por afinidade, com meu abraço de afeto.  

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

O ADEUS DO AMANTE

 



Perdoa-me pelas desilusões que te causei.

E agradece-me pelos sonhos que despertei em ti; pois as desilusões não brotam senão antes floresciam os sonhos.

Como no tempo se alternam os dias e as noites, alternam-se na vida os bons e os maus momentos.

E, assim, nada é o que parece ser.

Pois mesmo na tristeza da despedida existe uma oculta alegria, que é a esperança do reencontro. E é no amargor da saudade que se oculta a doçura das lembranças.

Se em todo caso de amor existe alguém que mais ama, a esse será reservado o quinhão maior do sofrimento da separação. E é justo que assim seja, por lhe ter cabido a parcela maior de felicidade.

Parte, se assim o desejas. Pois, na verdade, nada me tomas senão aquilo que me deste.

E, assim, de direito te pertence.

Deixa, apenas, que eu te olhe mais uma vez. Para que a tua imagem se entrone no altar da minha saudade.

Pois não são os teus olhos que pretendo guardar,

- mas a luz do teu olhar. 

Assim como não são os teus lábios que pretendo reter,

- mas o sabor dos teus beijos.

E não é do teu corpo que preciso,

- mas do calor do teu amor.

Pois o amor não é como a paixão, que se nutre do que se pode ver,

- mas antes como a religião, que se alimenta do que se pode sentir. 

E, acredita, não pedirei para que fiques. 

Pois não é o amor que se humilha, mas o egoísmo. E não é a saudade que é insuportável, mas a frustração. 

Conforta-me o saber que não nos deixamos por desamor; mas pelo não entendimento do amor.

E, de fato, como poderíamos entender aquele que, dantes, jamais havia andado pelos nossos caminhos?

Assim como a esperança não é mais que o desengano antes do seu nascimento, o desengano é apenas o prólogo de uma nova esperança.

E o nosso conhecimento é a soma das nossas esperanças e dos nossos desenganos. 

Sigamos, pois; e, seguindo conservemos as lembranças do que houve entre nós.

Para que, mais sábios e menos egoístas, saibamos reconhecer a face do Amor; e permanecer em sua companhia. 

Se voltarmos a encontrá-lo em nossos caminhos.

Vídeo

Do meu livro A Sabedoria de Hassan, disponível na Amazon.

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

A FÁBULA DA PÉROLA




Deixai-me falar-vos da felicidade. 

Porque ela é a pérola que buscais, enquanto mergulhados no mar da vida. Embora os rochedos e as ondas vos dificultem o mergulho, persistis em abrir as ostras, para colher o vosso prêmio.

Para cada pessoa, existe uma pérola; e apenas a essa pessoa cabe encontrá-la. Ainda que mergulheis em dupla, a cada um cabe fazer a sua colheita; ou nenhum de vós terá completado o mergulho.  

Deveis ter presente que cada um tem o seu jeito de ser; por isso, há entre vós diversas formas de mergulhar. E vos cabe respeitar a todas, assim como desejais que a vossa seja respeitada.

Há o mergulhador temeroso: aquele que preza, acima de tudo, a sua comodidade e segurança. Experimenta a temperatura da água, usa repelente de tubarões e assusta-se a cada sombra.

Evita as águas mais profundas, foge aos rochedos que lhe parecem aguçados e aos peixes que o cercam. Perdido em seus medos, não encontra a pérola que lhe cabe e no fundo do mar permanece. 

Há o prático, que ignora o mergulho, a água, os corais e os peixes; e vai direto às ostras que avista, abrindo a todas, indiscriminadamente, com a sua faca, no afã de encontrar a pérola que lhe cabe.

E tão envolvido se encontra nessa busca, e tantas ostras abre e examina apressadamente, que a pérola que seria a sua torna-se igual a tantas outras e escapa por entre seus dedos ávidos.

Há o sonhador, a quem falta coragem para mergulhar e por isto apenas idealiza a sua pérola. Em sua imaginação, encanta-se com a textura delicada, a superfície perfeita, o colorido único.

A imagem preenche os seus sonhos, anima os seus dias. E em sua ilusão adora a pérola imaginária. Consola-se na solidão da noite, pensando que no dia seguinte mergulhará para encontrá-la.

Pode acontecer que nenhum deles encontre a sua pérola, mas ainda assim ela refletirá em todas as suas vidas: o temeroso a encontra no conforto, o prático nas tentativas e o sonhador na ilusão.

Deixai-me dizer-vos, entretanto que o mergulhador sensato é aquele que não faz da pérola a razão de sua vida; desfruta, simplesmente, de cada valioso minuto de que dispõe em cada mergulho.

Pois esse é o que aproveita a carícia amiga da água em seu corpo, aprecia a beleza intensa dos corais e admira, embevecido, o nado inconsciente e o colorido variado dos peixes que encontra.

Porque sabe que a pérola não é uma finalidade, mas uma motivação. E agradece ao Universo pela água onde mergulha, pelos corais onde encontra as ostras e pelos peixes que o acompanham.

Para ele, a pérola não é tão necessária; porque a enxerga fragmentada em tudo que existe. E esta é a lição que deveis aprender: encontrar a felicidade não deve ser a obsessão de vossa vida.

Mas a sua consequência.

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